sábado, 29 de janeiro de 2011

Que essa Maria-Fumaça me leve



Saindo da estação de Bom Despacho nos enveredamos pela estrada de ferro que corta as matas de Grussaí. O sol a pino desenhava a Maria-Fumaça no chão. Nós (eu, esposa e enteada) com os olhos fixos na janela sem permitir que nenhum segundo da viagem passasse desapercebido. Uma inquietação imperava nos vagões. Todos com câmera e filmadora nas mãos para registrar a natureza em estado pleno. No percurso dez estações. Sendo uma a mais esperada. Quando desembarcamos na estação do Sítio do Pica-Pau Amarelo, uma banda nos recepcionou com marchinhas e outras músicas do gênero. Imediatamente me lembrei da famosa composição de Chico Buarque. Os flashes não paravam. No meio desta alegria geral, surgem saltitando Emília, Marquês de Rabicó e Cuca. Os adultos não conseguiram manter o controle - o espírito infantil tomou conta do ambiente.  Nem as crianças estampavam tantos sorrisos. Minha esposa e os demais faziam inúmeras poses ao lado dos personagens de Monteiro Lobato para documentarem este dia ímpar. De repente, soou um estrondosos apito. Era a Maria-Fumaça querendo partir. Nos despedimos da fantasia, e entramos no vagão. Uma tímida saudade palpitava em meu peito ao notar que as Reinações de Narizinho se diluiam com os quilômetros percorridos. Lentamente o gigante centenário parou na plataforma. Quando passei pelo maquinista (uniformizado como outrora), me deparei com aquele que durante décadas conduz milhares de pessoas pelas ferrovias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. E talvez sem saber, tinha o poder de aplacar nossas dores. Eu e minha família nos despedimos do trem que ainda dava baforadas pelo ar, desejando em breve reviver estas horas douradas.   


Um sonho audiovisual



Em julho/2010, entrei pela 1a. vez numa das maiores instituções de cinema do Rio de Janeiro - a Escola de Cinema Darcy Ribeiro. Ao fazer minha inscrição para o processo seletivo, não pude impedir que a euforia tomasse conta de mim. Estava diante de um antigo sonho, que agora parecia palpável. Depois de realizar todos os procedimentos e ser entrevistado, aguardei ansiosamente o resultado. Por alguns dias fiquei roendo minhas unhas, ou, o que sobrou delas. Mas, tudo acabou bem... Ufa! Estava na lista dos selecionados. O Módulo 1 seria pedreira. Pela frente haveriam aulas com monstros sagrados como  Ruy Guerra (diretor de "Os cafajestes", "Os fuzis", "Ópera do malandro", "Estorvo", etc.) e Flávio Tambellini (produtor de "Mutum", "Eu, tu e eles", "Carandiru", "Cazuza", etc.). Sem contar com outros renomados professores: Ivair Coelho (Filosofia), Sérgio Almeida (Literatura), Thaís Blank e Mariana Sussekind (Teoria e Prática de Montagem). As dificuldades surgiram. Voava do serviço às 17:30h na Baixada Fluminense, especificamente Nilópolis, e encarava 50 minutos de trem abarrotado de passageiros até a Central do Brasil. Precisava estar em sala de aula às 18h. Loucura pura!  Não vou mentir, nestes cinco meses de curso muitas vezes meu corpo pedia clemência. A cabeça pirava de tanto conteúdo. A estafa começou a bater na minha porta. Consumi diversas caixas de complexo vitamínico para aguentar a maratona. Nossas escolhas geram responsabilidades, só que retroceder jamais. Mesmo vascilante, mantive minha jornada. Nesta Meca audiovisual tive o privilégio de conhecer estudantes dos mais variados estados e nacionalidades. Amadureci com esta convivência. Pude experimentar a multiplicidade de saberes. Sair do casulo sempre é proveitoso. Analisando os prós e os contras deste ano letivo, posso considerar que meu rendimento ficou dentro da média. Que venha o próximo módulo.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

A paz



Na segunda semana de Janeiro de 2011, viajei com minha esposa e enteada para o município de São João da Barra/RJ. Ficamos hospedados no SESC-Grussaí. Passeamos pela circunvizinhança, locais impregnados do ar interiorano. Neste ímpeto "desbravador", conhecemos a paradisíaca praia de Atafona. Onde o mar e o rio Paraíba do Sul se encontram. Um fenômeno da Mãe Natureza que resulta em águas escuras e fortes ondas, as quais os surfistas rasgam através de suas manobras radicais e os barcos de pesca singram numa busca contínua pelo cardume. A caminhada pela areia vai deixando nossas pegadas no litoral. Neste raro momento a origem urbana se distancia de nós, e a paz se torna mais presente.