Ele
é da Baixada Fluminense, porém diz que seu território é o mundo. Com seus
amigos fundou a 4U Films, que tem produzido clipes, curtas e um longa, tudo
para o engrandecimento do audiovisual cristão. Destas obras algumas
atravessaram as fronteiras do Brasil, que são os filmes Não me deixe te
deixar e Dom gratuito. Batemos um papo com o diretor Miguel Nagle, e
pudemos constatar o que passa por sua cabeça pensante.
Alessandro Swinerd: Miguel, quais são suas influências cinematográficas?
Miguel
Nagle: Minha maior
influencia é *C.S. Lewis, um excepcional contador de histórias.
Diretores que tive contato que me influenciam bastante é o *Fernando Meirelles, *Laís Bodanzky e *Philippe Barcinski. Gosto bastante também de *Tarantino.
AS:
Quando surgiu a idéia de fundar uma produtora de filmes evangélicos na Baixada
Fluminense?
MN:
Em 2009, eu, Luan e Douglas fundamos a 4U
Films. Somos da mesma igreja e já estudávamos cinema. Deus colocou no nosso
coração o desejo de usar nosso dom com a sétima arte para transformar vidas e fazer
filmes com excelência. Mas nosso objetivo nunca foi fazer uma produtora
clássica e sim um ministério de cinema, que vivesse isso além da arte, mas com
um propósito. Hoje não considero a 4U Films uma produtora da baixada
fluminense, me orgulho muito de ser daqui, mas ela não foi criada pra ser algo
local e sim para o mundo, hoje temos profissionais trabalhando conosco da
capital do Rio, São Paulo, Curitiba, Florianópolis, Natal, Vitória e outros
lugares, nossos filmes também são legendados em português para possibilitar
deficientes auditivos assistir; legendamos em inglês e espanhol também. Então a
4U é um ministério que nasceu no coração de Deus, com base em Nova Iguaçu, mas
para o mundo.
AS:
As
produções da 4U Films vem recebendo elogios da crítica especializada. Qual a
fórmula para reunir profissionais de alta qualidade técnica num espaço tão
curto de tempo?
MN:
Não tem uma fórmula, muitos não sabem, mas a
qualidade técnica não é prioridade para fazer parte do grupo e sim o
direcionamento de Deus. A maioria não era profissional antes de entrar na 4U
Films e sim estudantes de Cinema, Audiovisual e RTV. Muito importante também
são os sonhos, comunhão com Deus e o perfil desse profissional em relação ao
ministério. O bacana da 4U Films que somos uma família, onde crescemos e
aprendemos juntos. E eu como líder apoio muito pra todos correrem atrás do
conhecimento tanto espiritual e no profissional, acho que o resultado disso
tudo tem refletido nas telas e agradado também a crítica especializada
"secular".
AS:
Tudo
começou com o curta-metragem “Não me deixe te deixar”, depois dele a
produtora teve uma ascensão meteórica. Isto é fruto da transpiração do grupo?
Ou pode dizer que existe um toque divino nesta história?
MN:
Sem querer usar um clichê gospel, mas o que nos
motiva é Deus. Todos têm um chamado bem especifico na área de cinema, então a
dedicação e a busca pela qualidade nos influenciam bastante.
AS: A
4U Films realiza cursos, palestras e seus filmes são selecionados em vários
festivais. Que ações mais devem ser feitas para que o Cinema Cristão ganhe
força no mercado audiovisual brasileiro?
MN:
Acho que falta a liderança (pastores) precisa
olhar mais para arte cinematográfica, acredito que o dinheiro não seja o
problema, pois a música está muito bem estabelecida no mercado, mas o cinema
ainda está engatinhando. Com a liderança apoiando, vão crescer o número de
profissionais e projetos, ajudando a fomentar o cinema cristão no Brasil.
AS: De que forma
aconteceu esta parceria entre vocês e a Cia de Artes Nissi para a produção do
longa-metragem “Metanóia”?
MN:
Eu conheço o Caique, líder da Cia Nissi, desde
2007 quando foram ministrar uma peça na minha igreja. Mantemos contato e sempre
conversamos sobre alguns sonhos e projetos. O Caique tinha um argumento pra um
filme e momento certo Deus uniu os dois ministérios pra escrever e realizar
esse filme juntos.
AS: Quais os pontos
positivos e negativos de fazer este filme, em São Paulo, sem recursos provindos
das Leis de Incentivo a Cultura?
MN:
Fazer cinema no Brasil sem uma grande estrutura
financeira é bem complicado, acho que a maior dificuldade foi à verba, ainda
mais quando se trata de um longa-metragem com mais de 50 diárias de filmagem.
Mas graças a Deus conseguimos multiplicar a verba e conseguimos bastantes
parceiros.
AS: Na obra houve
participação de artistas consagrados: Caio Blat, Silvio Guindane, Solange Couto
e Thogun. Como eles encararam atuar num filme que a mensagem central é a transformação
de vidas através da Palavra de Deus?
MN: Foi bem
natural trabalhar com eles, todos se apaixonaram pela história do roteiro e
estavam muito motivados para participar do filme. O Metanóia nada mais é
do que um filme sobre um personagem que passou pelo submundo do crack e
conseguiu vencer através da fé! Acho que a arte transcende um pouco alguns
preconceitos ou rótulos, então foi bem tranqüilo trabalhar com esses atores.
AS: Quando será o
lançamento do longa “Metanóia”?
MN:
A previsão é que seja no meio do ano que vem.
AS: A 4U Films já tem
novas produções em andamento?
MN:
A 4U Films não para, estamos finalizando três
curtas e dois documentários. Temos diversos roteiros em andamento de curtas e
longas. Em breve teremos muitas novidades!
Notas
*C.S. Lewis: teólogo e
escritor britânico, autor da clássica trilogia As crônicas de Nárnia;
*Fernando Meireles:
cineasta, roteirista e produtor brasileiro, que foi diretor do aclamado longa Cidade
de Deus entre outras obras;
*Laís Bodanzky: cineasta
e roteirista brasileira, que dirigiu o premiado filme Bicho de sete cabeças;
*Philippe Barcinski: cineasta, roteirista e produtor brasileiro, que dirigiu
o filme Não por acaso;
*Quentin Tarantino: roteirista
e produtor norte-americano, que causou alvoroço no cinema com a obra Pulp
fiction. Também tem no currículo Kill Bill vol. 1 e 2, e outros
sucessos.
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